Astronomia Hoje

O COMETA C/2020 S3 ERASMUS

Luiz Augusto L. da Silva*

            Descoberto em Setembro 17, 2020 por Nicolas Erasmus, do Projeto ATLAS-MLO no Hawai’i, este cometa de longo período vai atingir o periélio no próximo dia 12 de Dezembro, a uma distância de 59.6 milhões de quilômetros do Sol, um pouco para dentro da órbita de Mercúrio. Atualmente percorrendo a constelação de Libra (Balança), o cometa pode ser visto de madrugada. Em Novembro 30, na cidade de Porto Alegre, ele nasce às 3h14min, permanecendo visível em céu escuro por menos de uma hora, antes do princípio da aurora astronômica (pois nesta época do ano o Sol está nascendo o mais cedo possível, devido à proximidade do solstício de verão).

            Trata-se de um cometa de longo período, portanto procedente da nuvem de Oort. Seu período ainda não é conhecido com exatidão. Na literatura encontram-se valores entre 1900 anos e 2512 anos. O certo é que a órbita é uma elipse de alta excentricidade (0.9978), quase uma parábola. A sua distância afélica é estimada em 369.2 UA, quase mil vezes a distância periélica (0.398 UA). A inclinação em relação ao plano da eclíptica é baixa, apenas 19.86 graus, o que, em geral, costuma ser uma característica dos cometas de curto período (aqueles com períodos menores que 200 anos).

                        Na tabela abaixo, estamos fornecendo as coordenadas equatoriais e a magnitude total calculadas para os primeiros dias do mês de Dezembro.

DATA ASCENÇÃO RETA DECLINAÇÃO MAGNITUDE
Dez. 01 14h31min55s -23o24’14” 8.6
02 14h41min27s    -23o31’13” 8.5
03 14h51min02s -23o36’00” 8.1
04 15h00min35s -23o38’35” 8.0
05 15h10min09s -23o39’02” 7.8
06 15h19min42s -23o37’23” 7.7
Fonte: Skylive.com    
O cometa C/2020 S3 Erasmus imageado em Outubro 18, 2020, às 18h05min TU, por M. Mattiazzo, na Austrália.

            No site da empresa Metsul Meteorologia (www.metsul.com) é informado que o astrônomo amador gaúcho Gabriel Zaparolli já fotografou o  cometa, desde a cidade litorânea de Torres. Na virada de novembro para dezembro, o cometa estará brilhando com magnitude total ao redor de 8.5. Nas proximidades do periélio, na metade do mês, poderá atingir a magnitude 5.5 a 6.0, o que seria no limite da visibilidade a olho-nu para o caso de uma estrela. Porém, é preciso lembrar que os cometas são astros de aspecto difuso. Isto significa que para visualizá-lo, será necessário empregar um binóculo, ou pequeno telescópio.


Luiz Augusto L. da Silva é astrônomo e, desde 1973, depois da grande decepção do cometa Kohoutek (1973-f), não perde nenhum cometa brilhante.

(www.luizaugustoldasilva.com)

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